sábado, 23 de maio de 2015

A inflação e o seu negócio

Caros Empreendedores, Os jornais só falam do surto inflacionário que parece tomar conta do país. A inflação anual estaria ao redor de 6,5% a.a. e caminhando para mais que isso - e a inflação de serviços já estaria a 8,5% a.a. As razões para este cenário divergem, dependendo de quem te conta a estória: seria a explosão dos preços das commodities no mercado internacional (petróleo, metais) ou estaria a demanda muito aquecida no Brasil (renda em alta, crédito abundante). Ou as duas coisas juntas! Este artigo não visa discutir os motivos que estão levando o Brasil a experimentar um incômodo índice de inflação. A minha preocupação é com os efeitos que este processo terá na sua empresa: 1. Aumento de custos: esta inflação já chegou no seu negócio? Você adquire mercadorias ou matérias-primas que sofrem da alta das commodities internacionais? Você sabe melhor do que ninguém se pode substituir estes produtos que ficaram mais caros, mas: É essencial identificar se estas altas vieram para ficar ou se são apenas temporárias. Também é fundamental entender se os seus concorrentes são mais competitivos que você na hora de adquirir tais produtos – e, portanto, se estes são mais competitivos na hora de vender para os clientes. Você tem capacidade de repassar a alta de custos nos preços dos seus produtos, ou os seus clientes fogem para outros fornecedores ou produtos substitutos? Se for a segunda opção, a sua margem de lucro cairá e você terá uma redução de margem e de caixa. Antecipar compras – para evitar novos aumentos - era uma estratégia clássica nos tempos da inflação pré-Plano Real. O problema é que isto aumenta os estoques e, como consequência, demanda mais capital…em geral provido pelo caro crédito bancário. Muito cuidado com esta estratégia, portanto. Até por que se este estoque encalhar a sua empresa poderá enfrentar sérios problemas de liquidez. 2. Inflação é sinônimo de aumento de custo de mão-de-obra, porque os dissídios das categorias mais fortes imporão salários maiores. Não bastasse isso, já existe o tão falado ‘apagão de mão-de-obra’ no país, que pressiona o custo de pessoal (salários, benefícios e mimos para segurar a equipe) e você, possivelmente, já experimentou este problema. Não há muito que fazer para driblar esta situação (mudar a localização da empresa, para o interior do Estado, por exemplo). Seguramente, planeje estes custos adicionais e como irá lidar com o caixa eventualmente mais curto, pressionado por estes custos. 3. O Governo do Brasil quer - e de qualquer país do mundo iria querer - brecar este surto inflacionário. E isto se dará freando o crescimento econômico, i.e. farão o que precisar para que as pessoas comprem menos…e você venderá menos por tabela. Como dizem os economistas, o “saco de maldades” do governo tem as seguintes opções: Aumentar a taxa de juros, que encarece os seus empréstimos bancários e o custo do crédito para as pessoas e empresas que compram da sua empresa. Exemplos: capital de giro, cartão de crédito, crédito pessoal, etc. O governo poderá aumentar a taxa básica de juros (a tal SELIC), aumentar os depósitos compulsórios dos bancos (para reduzir a disponibilidade de crédito) ou simplesmente restringir os volumes a serem emprestados (já fizeram isso de forma um tanto tímida recentemente, para veículos). Aumentar impostos. Mais? Sim, ainda mais, pois impostos reduzem a renda disponível para consumo. Esta é uma política extremamente antipática, mas a Presidente Dilma e seu partido ainda estão estão longe de ter que enfrentar eleições. E sabem bem que inflação fora de controle será uma catástrofe de qualquer forma. Poucos economistas se atrevem a sugerir isto, mas o tema já entrou na pauta. 4. O câmbio: a indústria brasileira, em geral, reclama que o Real está muito forte o Dólar muito fraco, favorecendo as importações e tirando a competitividade (e lucros e o emprego) do nosso país. Apesar da reclamação generalizada – e das intervenções do Banco Central para segurar a cotação do Dólar -, eu não apostaria num Real mais fraco. Se a sua empresa já está sofrendo com esta paridade cambial repense o negócio, porque o Real tende a se valorizar ainda mais. Não prevejo nada radical, mas tende a bater R$ 1,5/USD. Note que um Real forte ajuda a combater a inflação e os juros mais elevados que virão por aí estimularão ainda mais entrada de Dólares…e isto tenderá a fortalecer ainda mais o nosso já poderoso Real. Lamento que este post seja tão ‘urubulino’. Não estou antevendo uma tragédia nacional, mas sempre que uma economia complicada como a nossa cresce muito – e tão rapidamente – a inflação resurge com força e precisa ser combatida. E os economistas e os governos ainda não inventaram formas de reduzir inflação sem reduzir a atividade econômica. Se por um lado o mundo não vai acabar, as empresas mais frágeis (i.e. muito e mal endividadas e pouco competitivas) sempre são as primeiras a desaparecer neste tipo de cenário. O objetivo deste post é, portanto, sugerir que todos sejam especialmente atentos caso as condições do seu negócio comecem a se deteriorar. Atenção, de novo, aos custos (em alta), demanda (mais fraca) pelos seus produtos/serviços e crédito (curto e ainda mais caro). Abraços + sucesso!

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